InícioGraduaçãoEaD ultrapassará aulas presenciais em faculdades privadas até 2023

EaD ultrapassará aulas presenciais em faculdades privadas até 2023

Uma pesquisa da ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior) indica um dado interessante. Se o crescimento permanecer igual, em 2023 haverá mais matrículas para educação a distância (EAD) do que para cursos presenciais em faculdades privadas.

Essa tendência de aumento pode ter sido acelerada pelo fenômeno da pandemia de Covid-19, que obrigou muita gente a estudar a distância. Desde março de 2020, afinal, escolas e universidades tiveram de se adaptar ao sistema totalmente digital de ensino. O mesmo deve permanecer ao menos em formato híbrido.

A busca por cursos a distância, no entanto, já aumentava no Brasil. Especialmente entre as faculdades privadas, que são o alvo de estudo dessa pesquisa. Segundo o último Censo da Educação Superior realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), a matrícula nessa modalidade, ao menos em instituições privadas de ensino superior, só aumenta desde que esse dado começou a ser coletado, em 2009.

A novidade é que a busca por vagas de educação presencial tem diminuído desde 2016. Nos dados mais recentes do Censo, de 2019, o EAD já correspondia a 35% do total de matrículas de cursos em faculdades privadas brasileiras. Os estudantes de cursos presenciais, por outro lado, correspondiam a 65% do total.

Comodidade na hora de estudar

Essa tendência na educação superior brasileira pode trazer pontos positivos e negativos no aprendizado dos futuros profissionais do país. 

Não se pode negar que o Ensino a Distância (EaD) tornou o ensino superior mais acessível, e não apenas pelo valor da mensalidade, que costuma menor que o mesmo curso presencial. Outros fatores podem entrar aqui, como a possibilidade de estudo onde estiver. Uma pessoa pode fazer um curso em outro estado ou até em outro país sem sair de sua casa. Além disso, pode conversar e manter contato com pessoas de diferentes regiões, trocar experiências e saberes.

Os conteúdos e materiais de estudo são mais diversos e as possibilidades ultrapassam o bom e velho livro didático, que ainda pode existir. No ambiente digital, pode-se aprender a partir de vídeos, áudios e filmes. As possibilidades são vastas.

Por fim, outro fator que conta muito para quem opta pelo Ensino a Distância é a possibilidade de gerenciar o seu tempo e organizar seus estudos a partir de sua rotina. Esse é um ponto positivo especialmente para quem trabalha ou cuida de familiares. Imagine economizar aquele tempo que você levaria para se locomover pela cidade e como isso já pode ajudar nos afazeres do dia a dia.

A qualidade de ensino é a mesma no EaD?

Mas ainda há quem opte pelo ensino presencial e não largue por nada aquele encontro em sala de aula, a oportunidade de conhecer presencialmente os colegas e o professor. E faz sentido, já que nem todos os cursos podem ser ensinados ao modelo a distância, como é o caso das graduações na área da saúde e das profissões que lidam com pessoas em geral. 

Nesses cursos, há um fator importante que ultrapassa o domínio dos conhecimentos teóricos exigidos para uma atividade profissional. São habilidades sociais, experiências de lidar com pessoas, de empatia e de cuidado com o próximo.

E, mesmo para aqueles que estão mais interessados em conquistar conhecimento teórico para realizar uma determinada profissão, há um empecilho. É que muitos professores relataram, durante suas experiências de educação a distância na pandemia, que o maior desafio foi o de engajar seus alunos. 

Em uma sala de aula que cabe na tela de um computador, com diversos quadradinhos e às vezes nenhuma câmera ligada, é difícil saber se os estudantes estão compreendendo o conteúdo, se aquilo faz sentido para a vivência profissional deles. E, do outro lado da experiência, pode ser difícil para o aluno se concentrar enquanto tem todas as distrações possíveis ao seu alcance.

Alternativas possíveis

Por isso, muitas iniciativas têm surgido no sentido trazer aulas mais propositivas e menos expositivas, que incluem o aluno no processo de construção de conhecimento. É o caso das chamadas metodologias ativas, que envolvem projetos dos mais variados. 

Os alunos podem, por exemplo, aprender a partir de um problema que lhes é apresentado. Com a mediação do professor, devem estudar os conteúdos necessários e discutir entre si para resolvê-lo. 

Outra alternativa é a metodologia da sala de aula invertida, em que os alunos estudam o conteúdo antes da aula. No momento de encontro com o professor, devem, então, tirar as suas dúvidas, questionar pontos importantes ou até iniciar um debate com seus pares.

EaD ou presencial: eis a questão

São inúmeras possibilidades, mas o que se tem apostado para o futuro é no chamado Ensino Híbrido, que envolve um currículo escolar mais flexível e possibilidades tanto no presencial quanto a distância. 

Afinal, por que não aproveitar para gerenciar melhor o seu tempo e estudar de acordo com as suas possibilidades? Além da chance de socializar cara a cara com pessoas que um dia serão seus colegas de profissão?

Daí surge um novo conceito desenvolvido pelo psicólogo da educação David Ausubel, a aprendizagem significativa. É a partir disso que David lança a provocação: de que forma uma informação se relaciona a um aspecto relevante da estrutura cognitiva de um indivíduo?

Segundo o psicólogo, para que a aprendizagem ocorra, o conteúdo a ser aprendido deve ser significativo a quem aprende. Assim, ele é retido e lembrado por mais tempo. A partir daí, como os professores podem, seja em ambiente digital ou físico, tornar o conhecimento significativo para os estudantes?

Um horizonte de novos desafios

Não há uma resposta pronta a nenhuma dessas questões. Tudo está sendo criado agora e as angústias existem dos dois lados. Os professores tiveram de aprender a dominar ferramentas com as quais tinham pouca familiaridade. Além disso, tiveram de adaptar seu trabalho a esse ambiente, com o desafio de engajar seus alunos nas aulas. 

Os estudantes, por sua vez, têm questionado cada vez mais os conteúdos aprendidos em sala de aula. Principalmente a forma como esses são apresentados. Ao mesmo tempo, têm de se acostumar com as novas metodologias a que estão sendo expostos e abandonar uma postura “passiva” na aquisição de conhecimento.

Há muito o que desenvolver para os próximos anos ou talvez décadas. Contudo, é cada vez mais claro que não há como fugir das mudanças nos modelos de educação possíveis. O desafio está lançado.

Leia mais: MEC aprovou a graduação em direito EaD?

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